Livros discorrem a reconfiguração identitária da região
Fluxos contemporâneos: Capital humano e acadêmico-cultural reconfigurando a região do cacau é o titulo do livro da professora Maria Luiza Silva Santos, lançado pela Editus, Editora da UESC, Universidade Estadual de Santa Cruz. Esse é o resultado da tese "Fluxos Migratórios no Sul da Bahia: da Realidade Identitária do Cacau à Realidade do Ensino Superior (Doutorado em Ciências Sociais), no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, RJ.
Trata-se de uma discussão sobre a reconfiguração identitária da região denominada cacaueira a partir da década de 90 do século XX. Uma reconfiguração ainda se constituindo, pois as investigações constatam a força ainda presente da economia e cultura do cacau nos dias atuais.
A descrição se passa em dois momentos. No primeiro, um contexto vivenciado entre os anos 30 e 90 do século passado, tempo da formação da região cacaueira no sul da Bahia, espaço que recebeu levas de migrantes para trabalhar nas roças de cacau que junto com os residentes locais, desenvolveram uma cultura própria regional que foi além do cultivo agrícola, com características que permanecem até os dias atuais, identificando o sul da Bahia.
O segundo momento, analisa a grave crise, a partir da década de 90, que se instalou, provocada pelo fungo Moniliophtora perniciosa,(vassoura-de-bruxa), que atingiu as plantações de cacau. Essa crise sucedeu uma série de outras provocadas pelo clima, falta de preço e escassez do produto, resultando em um impacto negativo para a economia regional que se traduziu, no primeiro momento, em uma condição de decadência para os habitantes da região, tanto os que viviam da lavoura como os demais, pois era o cacau que movimentava a vida comercial e política regional.
A partir da década de 90, apresenta uma região carente de alternativas e diversificação que alterassem a situação presente. A professora Maria Luiza aborda, então, o desenvolvimento da região através de outro viés: o ensino superior, pois, a partir desse período, a região passou a contar com uma universidade estadual entre as cidades de Ilhéus e Itabuna, um instituto federal de educação e algumas faculdades privadas, em ambas as cidades, que passaram a absorver migrantes que trazem mão de obra qualificada de várias partes do país, que, junto com os profissionais locais, alteram o panorama que até essa época apresentava uma identidade versada apenas no cacau.
Através da história oral, um grupo de acadêmicos relata seu espaço de origem e a escolha pelo sul da Bahia, suas vivências e as dificuldades nas cidades de Ilhéus e Itabuna, as interações com a cultura local e o cotidiano da academia, evidenciando uma nova configuração cultural, que, de forma direta e indireta, começa a estabelecer um polo de pesquisa e educação superior, ampliando uma estrutura regional que, apesar de eternizada na cultura e na literatura como Região Cacaueira, passa a abranger e a ser conhecida também pelo ensino superior.
Versão infanto-juvenil
A professora Maria Luiza Silva Santos criou uma versão infanto-juvenil para discorrer sobre o tema. "Tonico descobre que é de todo lugar". Nesse livro há um garoto chamado Tonico. Ele aprendeu várias coisas viajando, estudando, com sua família e seus amigos. Tonico aprende que ele não precisa ser apenas de um lugar. Ao final do livro estão colocadas páginas com tarefas paradidáticas.